QUAIS OS RISCOS CLIMÁTICOS QUE O CAFÉ PODE ENFRENTAR NO SUL DE MINAS?

Por Max Ochoa e Beatriz Rosa*

A HRNS do Brasil, Hanns R. Neumann Stiftung Brasil,
implementa as açoes da Iniciativa Café & Clima em regiões cafeeiras de
Minas Gerais desde o ano 2010. A c&c é uma plataforma público/privada
formada por membros da cadeia de abastecimento do café e agências públicas de
governos europeus, orientados a apoiar produtores de café para que respondam de
maneira eficiente às mudanças climáticas.

O objetivo é identificar opçoes práticas que ajudem a
aumentar a capacidade de adaptação dos agricultores familiares e de seus
sistemas de produção em detrimento aos desafios das mudanças climáticas. As
medidas de adaptação são boas práticas agrícolas que ajudam a diminuir os efeitos
negativos dos eventos climáticos extremos em nível de lavoura e comunidade.No
Sul de Minas os riscos climáticos identificados por produtores, extensionistas
e pesquisadores foram: aumento dos extremos de temperatura, mudanças nos
padrões de chuva, ventos fortes, períodos prolongados de seca, granizo e
geadas. Para enfrentar estes desafios, a iniciativa c&c juntamente com
instituiçoes parceiras promove: (1) uso de culturas de coberturas e adubação
verde, (2) incorporação de matéria orgânica, (3) barreiras quebra-vento, (4)
conservação de área de Preservação Permanente (APP), (5) uso de muda produzida em
sacola profunda no plantio (mudão), (6) aplicação de dose elevada de gesso, (7)
coleta de dados climáticos no local, (8) construção de bacias de contenção, (9)
melhoramento de estruturas de secagem, (10) coleta de água da chuva, e (11)
seguro agrícola.

Em relação à APP – conjunto de práticas ambientais incluídas
na Lei 12.651/12 – os produtores têm como obrigação delimitar e manejar as
áreas de preservação permanente como é o caso das nascentes e cursos de água de
acordo com o número de módulos fiscais da propriedade. Áreas degradadas ou com
algum risco de degradação também devem ser manejadas e recuperadas de modo que
fragmentos de vegetação nativa também devem ser preservados.

Através da iniciativa c&c existe uma promoção a
adequação das propriedades para o cumprimento da lei ambiental. Por meio de
visitas de assistência técnica, técnicos da HRNS do Brasil e entidades
parcerias delimitam as áreas de preservação e avaliam as açoes a serem
implementadas. Posteriormente, existe o acompanhamento feito junto aos
produtores na aplicação de práticas que incluem: cercado para a proteção das
nascentes e os cursos de água, enriquecimento florestal nas áreas de proteção,
florestamento de áreas degradadas e instalação de fossas sépticas. Esta última
é uma estrutura para o tratamento de águas do esgoto doméstico e a devolução
desta água no ambiente sem a presença de organismos contaminantes, como os
coliformes fecais. As águas de esgoto não tratadas constituem um risco humano e
ambiental pela possível contaminação de água superficial, subsuperficial e
subterrânea quando não tratada.

Na primeira fase de construção de propriedades modelo, a
iniciativa c&c tem protegido 22 nascentes, 58 ha de área de proteção de e
2.000 metros de córregos e riachos, 10 ha de reflorestamento com espécies
nativas e 18 fossas sépticas instaladas no Sul de Minas. Além disso, nas
propriedades se realizarão dias de campo para sensibilização dos produtores e
cursos de capacitação para a implementação e difusão cada vez mais efetiva
destas práticas no meio rural.

*Max Ochoa é diretor técnico e Beatriz Rosa – coordenadora
de Monitoramento e Avaliação da Hanns R. Neumann Stiftung Brasil