
PAÍSES BUSCAM SOLUÇÕES PARA UMA CAFEICULTURA SUSTENTÁVEL
No Dia Internacional do Café,
comemorado em 1º de outubro, o Centro de Inversión Sostenible, da Universidade
da Colômbia, divulgou um relatório intitulado “Garanta a viabilidade e a
sustentabilidade econômica da produção de café”.
O estudo, liderado pelo professor
Jeffrey Sachs, foi encomendado pelo Fórum Mundial dos Produtores de Café (FMPC)
após sua primeira reunião em 2017, em Medellín, onde produtores de todo o mundo
se reuniram para discutir maneiras de enfrentar a crise de preços baixos do
café. As conclusões preliminares do relatório foram apresentadas no segundo
Fórum em julho, em Campinas (SP).
O relatório analisa as causas dos
baixos preços dos grãos e descreve os resultados dos novos modelos
quantitativos de oferta e demanda que medem os possíveis impactos das mudanças
climáticas. Os modelos projetam que, até 2050, 75% da terra adequada para a
produção de café arábica e 63% da terra para a produção de café canéfora serão
perdidos devido às mudanças climáticas, embora a quantidade de terra restante
ainda seja maior do que a quantidade total atual de terra com lavouras de café.
Com base nessas descobertas, o
professor Sachs convocou a indústria cafeeira e os países produtores a
trabalharem juntos para garantir a sustentabilidade. “Dados os baixos preços
atuais e a crescente crise climática, o setor cafeeiro deve empreender grandes
esforços conjuntos para apoiar um futuro sustentável para os produtores e o
setor como um todo”, observou Sachs.
“A cadeia de valor do café
vale entre 200 bilhões e 250 bilhões de dólares por ano, dos quais os
produtores recebem menos de 10%. Muitos cafeicultores da maioria dos países
produtores nem sequer conseguem cobrir seus custos de produção, isso é
simplesmente errado. A indústria cafeeira não pode alegar ignorar a seriedade
da situação, a sustentabilidade econômica deve ser tratada imediatamente sob um
princípio de corresponsabilidade, se quisermos garantir a qualidade, a
diversidade e a sustentabilidade do café que os consumidores esperam em todo o
mundo,” afirmou Roberto Vélez, gerente geral da Federação Nacional dos
Cafeicultores da Colômbia (FNC).
Para alcançar a sustentabilidade
social, ambiental e econômica de toda a cadeia de fornecimento de café, o
relatório da CCSI defende o desenvolvimento de planos e contribuiçoes nacionais
de sustentabilidade do café dos principais atores da indústria, de até meio
centavo por xícara para o Fundo Mundial do Café. Esses recursos ajudariam a
preencher lacunas críticas de financiamento para investimentos em
sustentabilidade nas regiões produtoras do grão e seriam usados ??para
alavancar fundos adicionais de governos e doadores. O relatório também inclui
outras recomendaçoes para melhorar a rentabilidade dos produtores de café.
“O trabalho sério e independente
do Prof. Sachs e sua equipe do CCSI estimulará a discussão sobre o futuro da
cadeia de valor do café. Nenhum dos atores (produtores, comerciantes,
torrefadores e consumidores, públicos ou privados) pode ficar fora do trabalho
conjunto necessário para retornar a cadeia de valor do café ambiental, social
e, o mais importante, economicamente sustentável. O maior predador do meio
ambiente e do tecido social é a pobreza”, afirmou Juan Esteban Orduz, diretor
do FNC na América do Norte e coordenador do FMPC.
“Sem uma ação conjunta
sustentada, que inclua contribuiçoes pré-competitivas de torrefadores e
varejistas, mais produtores de café estarão em extrema pobreza e as origens
estarão concentradas em cada vez menos países. O setor corre o risco de perder
grande parte de sua diversidade e resiliência. Os principais torrefadores e
varejistas devem avançar para ajudar a garantir a sustentabilidade da indústria
global, e os governos e agências multilaterais também devem aumentar o apoio da
indústria”, disse o professor Sachs.
René León, diretor executivo do
Promecafé, disse que “é necessário ter uma discussão aberta e franca sobre o
futuro do café e o impacto negativo da atual crise de preços que, se não for
abordada, continuará gerando mais pobreza, insegurança e migração ilegal em todo
o mundo. Este relatório é uma contribuição muito importante para essa
discussão”.
Segundo Ishak Lukenge, presidente
da Associação Africana de Café Fino, “muitos produtores chegaram a um ponto em
que nem conseguem cuidar adequadamente de suas famílias, sem mencionar suas
fazendas ou comunidades. Na situação atual, quase monopólica (um único
comprador), os elos mais lucrativos da cadeia de valor, especialmente
torrefadores e varejistas, não podem evitar sua responsabilidade e devem
garantir o futuro de toda a cadeia”.
O relatório completo e o resumo
executivo podem ser encontrados aqui.
(Fonte: Café Point – As
informaçoes são da Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia / Tradução
Juliana Santin)