MERCADO DE CAFÉ: COMMODITIES SOBEM COM DADOS POSITIVOS DA CHINA

O S&P500 e o Nasdaq fizeram altas históricas
consecutivas nesta semana após mais um corte de juros pelo banco central
americano e uma criação de trabalhos forte no mês de outubro.

O investidor não deu importância a aprovação das regras que
definem os próximos passos do processo de impeachment de Donald Trump, pela
câmara dos Estados Unidos, e segue focado nos resultados corporativos robustos
que continuam a ser divulgados.

A expansão da atividade de manufaturados na China no mês de
outubro surpreendeu positivamente atingindo o mais alto patamar desde fevereiro
de 2017, animando os mercados por ocorrer mesmo após o incremento de tarifas e
dando folego para as commodities subirem acentuadamente na sexta-feira.

O café arábica teve a segunda melhor performance entre os
componentes do CRB durante a semana, resistindo a baixas pontuais em algumas
sessões para então romper indicadores técnicos que atraíram mais cobertura da
posição vendida dos fundos.

Chuvas de granizos em algumas áreas produtoras brasileiras,
um outubro com precipitaçoes abaixo da média histórica e declaraçoes de
disponibilidade reduzida da maior cooperativa de café do mundo também deram um
suporte às cotaçoes.

O momento pode promover uma continuação da alta, assustando
os participantes que estão vendidos em calls (opçoes de compras, que vencem no
dia 8, fim da semana que se inicia) e aos baixistas mais agressivos que
montaram suas posiçoes abaixo dos níveis atuais de preço

Para os comerciantes de café a melhora da disponibilidade da
principal origem favorece a necessidade de cobertura e a manutenção das
cotaçoes do terminal vai contribuir para o aumento do fluxo aguardado de
Colômbia e América Central agora em novembro.

Quanto as chuvas no cinturão produtor brasileiro elas já
estão caindo enquanto escrevo este comentário e os prognósticos são positivos
para os próximos quinze dias.

O risco Brasil diminuindo com a principal reforma aprovada
(da previdência) em um cenário de expansão monetária dos países ricos trouxe
revisões de bancos internacionais para o potencial de recuperação econômica do
país.

O trabalho de Paulo Guedes, assim como de Tarcísio Freitas,
do ministério de infraestrutura e de outros técnicos capacitados do governo vem
sendo feito diligentemente de forma inteligente, aproveitando enquanto os meios
de comunicaçoes focam nas controversas declaraçoes que os filhos do presidente
insistem em fazer assim e no tumulto que parte da imprensa cria o máximo que
pode para o atual governo – que tem facilidade em se inflamar, verdade seja
dita.

Com este pano de fundo uma maior apreciação do Real pode
ajustar os preços do contrato “C” e os produtores de café têm estado atentos às
oportunidades que o mercado tem dado, seja garantindo trocas futuras ou fixando
as safras que colherão, muito embora os juros menores internos tenham diminuído
as cotaçoes futuras do dólar.

Os diferenciais firmes sempre foram usados como indicador de
tendência para o flat-price, mas há vários anos falharam em ajudar o
posicionamento dos participantes, os quais se machucaram bastante e
cautelosamente adicionaram elementos em suas análises – como a influência
macroeconômica, muito mais importante.

Uma contínua alta do CRB, novas quedas do índice do dólar e
Nova Iorque segurando acima da média-móvel de duzentos dias (103.50) devem ser
observados para prover suporte e tentar levar as cotaçoes acima dos US$ 110.00
centavos por libra.

Um fechamento abaixo de 101.75 renovará as intençoes de
vendas levando o mercado a testar a parte baixa do intervalo de 90 a 110
centavos que estamos acostumados.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre
café semanalmente como colaborador da Archer Consulting