EL NIÑO PODERÁ FAVORECER A PRÓXIMA SAFRA DE CAFÉ


Por Williams Ferreira e Marcelo Ribeiro

O enfraquecimento dos ventos alísios tem contribuído para o
aquecimento das águas do oceano Pacífico, aumentando as chances da presença do
El Niño ainda esse ano.

Possibilidade do El Niño nos próximos meses

Desde o mês passado as águas da superfície do Pacífico
tropical têm apresentado maior aquecimento, sendo que nas últimas semanas esse
aquecimento se intensificou tanto das águas mais superficiais quanto das águas
mais profundas aumentando assim as chances de até o final desse ano ser
declarada a presença do fenômeno EL Niño. Atualmente os modelos apontam 86% de
probabilidade de que isso se confirme entre novembro e dezembro. Se ocorrer as
chances são de que seja um evento fraco ou moderado com duração até pelo menos
junho de 2019. Os impactos desse fenômeno ao longo do Brasil são bem
diferentes, sendo que as características mais marcantes desse evento é a
presença de secas de diferentes intensidades nas áreas mais centrais do
Nordeste Brasileiro e chuvas acima da média histórica na região Sul do Brasil.

A chuva nos próximos meses

Com base na atual temperatura da superfície do Oceano
pacífico e dos principais sistemas meteorológicos de grande escala comuns na
atual estação do ano é esperado, com relação as chuvas, que no trimestre
novembro, dezembro de 2018 e janeiro de 2019 a região Norte de Minas Gerais
(Salinas e Janaúba), bem como o Vale do Jequitinhonha (Pedra Azul) e o Centro
Sul baiano (Vitória da Conquista) o volume possa ficar bem abaixo da média.
Ainda considerando o mencionado trimestre a chuva poderá ficar acima da média
em Oliveira, Barbacena, São João Del Rei, Lavras, Divinópolis e Lima Duarte,
todos em Minas Gerais. Em novembro há probabilidade de que as chuvas fiquem
dentro ou pouco abaixo da média em todo o estado de Minas Gerais, com exceção
da parte mais ao sul da região Sul de Minas. Em dezembro há probabilidade de
que as chuvas ocorram pouco abaixo da média no Norte de Minas, Jequitinhonha e
Campo das Vertentes, Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce e Zona da Mata, sendo a
maior redução das chuvas esperada no Campo das Vertentes. As chuvas de modo
geral, deverão ocorrer com maior abundância na Zona da Mata a partir do final
de dezembro e início de janeiro, sendo esperado o maior volume de chuvas ao
longo do próximo verão para os meses de fevereiro e março.

A temperatura nos próximos meses

Com relação as temperaturas, hoje é esperado que em novembro
elas ocorram acima da média na região Norte de Minas, Noroeste e Triângulo
mineiro, e dentro ou pouco acima da média nas demais regiões do Estado. Em
dezembro as temperaturas poderão ficar dentro ou pouco acima da média em todo o
Estado de Minas Gerais. Em janeiro é esperado que somente o Triângulo mineiro
fique um pouco acima da média, sendo que as demais regiões do estado deverão
apresentar temperaturas dentro da média do período.

O Café

Considerando que dentro da atual estação ocorre o aumento
gradual das chuvas as quais deverão ocorrer dentro da média no próximo
trimestre para as regiões cafeeiras de Minas Gerais, os produtores devem estar
atentos ao monitoramento da ferrugem do cafeeiro, doença comum no período mais
chuvoso. Neste período deve ser iniciado o monitoramento da ferrugem, bem como
as açoes necessárias para o controle preventiva, ou caso necessário, curativo.
Nos próximos meses deve também ser realizada a análise foliar, a qual servirá
para orientar o produtor acerca das novas adubaçoes e pulverizaçoes. O
monitoramento da broca do cafeeiro deve também ser iniciado e, caso necessário,
ser realizado o controle 90 dias após a maior florada. De modo geral,
considerando a previsão da presença do El Niño nos próximos meses, com chuvas dentro
da média e temperaturas pouco acima da média na fase inicial de formação dos
frutos, a próxima safra de café poderá ser favorecida.

O prognóstico

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foi
elaborada com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos
climáticos globais, principalmente, daqueles atuantes na América do Sul.  Considerou-se também as informaçoes
disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre
Clima e Sociedade “” IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão
de Tempo de Médio Prazo “” ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela
Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e
com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET (5º
DISME)/CPTEC-INPE. O prognóstico climático faz referência a fenômenos da
natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças
drásticas. Desta forma, a EPAMIG e a EMBRAPA Café não se responsabilizam por
qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a
terceiros, pelo uso indevido das informaçoes contidas na presente matéria.
Portanto, é de total responsabilidade do usuário (leitor) o uso das informaçoes
aqui disponibilizadas.

Williams Ferreira – Pesquisador
da Embrapa Café/EPAMIG Sudeste na área de Agrometeorologia e Climatologia /
Marcelo Ribeiro – Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia.