CAFÉ: CONTROLE DA BROCA TEM QUE COMEÇAR JÁ NA COLHEITA

Larvas se alimentam do grão e
causam perdas de até 20% no peso; trabalho de campo bem feito pode evitar prejuízo

O controle da broca, umas das principais pragas do café no Brasil, está cada
dia mais difícil. A falta de defensivos eficientes no mercado dificulta o
combate, por essa razão, os técnicos recomendam que a melhor maneira de evitar
maiores problemas é o manejo preventivo, que deve ser feito começa já na
colheita do café.

A broca é causada pela fêmea de um besouro, que perfura a região da “coroa” do
fruto do café e deposita os ovos em seu interior. As larvas que nascem daí se alimentam
da semente e causam perdas de até 20% no peso do grão. A praga também prejudica
a classificação do café e a qualidade da bebida.

O cafeicultor Alisson Bueno Rossi, de Muzambinho (MG), conta que alguns talhões
de sua propriedade apresentam índices de infestação por broca até 5%. Os impactos
já são percebidos nos primeiros grãos colhidos nos pés de café, que ocupam 11
hectares.

” Isso vai aumentar a catação, o que gera impacto no custo: em média, R$ 1,50 por
ponto de catação. Considera-se um defeito a cada três grãos danificados”, diz
Rossi.

Ambientes úmidos e com baixa luminosidade favorecem a infestação. Outro ponto
importante é evitar a permanência dos frutos, tanto na planta como no chão, entra
uma safra e outra, já que eles poderiam servir de alimentos para o inseto durante
o período de entressafra.

O besouro permanece nos grãos remanescentes da safra anterior. Após a florada,
o inseto começa a se deslocar para os novos frutos, que estão na fase de
chumbinho. Esse processo é conhecido como período de trânsito e ocorre entre os
meses de outubro e novembro. O professor Alberto Donizete Alves, do Instituto
Federal do Sul de Minas, explica que este é o melhor momento para o agricultor
iniciar o monitoramento da lavoura, para verificar o índice de infestação da
praga.

O monitoramento é feito por amostragem. Nos talhões mais suscetíveis à praga,
são coletados cerca de cem frutos, na região apical, na mediana e no baixeiro
da planta. ” Normalmente, são utilizados em torno de 50 plantas por talhão, nas
quais se faz a contagem e verifica a quantidade de frutos broqueados e sadios,
para calcular a porcentagem”, explica.

Os defensivos disponíveis não são eficientes no controle da praga. O uso dos
produtos só é recomendado quando o índice de infestação é superior a 5%, por
causa do alto custo da aplicação. Para evitar grãos remanescentes de uma
cultura para outra, o produtor pode utilizar algumas técnicas após o término da
colheita. Uma delas é o chamado esqueletamento, um tipo de poda feito para
arejar a cafezeiro. “Uma planta com maior ventilação tem menos problemas” diz Alves.

A colheita mal realizada deixou o produtor Ari Martins de Queiroz em maus
lençóis. Alguns talhões de sua propriedade de 45 hectares registram índices de
até 30% de infestação de broca. “Fizemos duas aplicaçoes (de inseticida), mas
não teve o efeito que nós esperávamos. A broca ficou e está causando prejuízos”.

Mesmo em áreas montanhosas, onde a colheita representa mais de 50% do custo de
produção, a retirada do produto das lavouras deve ser bem feita para evitar
prejuízos no futuro. O professor Alves lembra que uma colheita bem feita custa
menos do que fazer aplicaçoes químicas. “Além disso, a presença do inseto na
lavoura vai trazer danos na quantidade e qualidade do café”, diz.

(Fonte: Canal Rural)