BROCA-DO-CAFÉ PODE EXPLODIR NOS CAFEZAIS DO BRASIL, SAINDO DO CONTROLE

Teremos
que conviver com a broca-do-café que atingiu níveis alarmantes e com ampla
possibilidade se tornar explosivo.


Senhores Agrônomos, técnicos, Cafeicultores, Comerciantes e
a todos do segmento do Agronegocio, o problema da Broca do Café (Hypothenemus
hampei) tornou algo seríssimo. Teremos que conviver com a broca que atingiu
níveis alarmantes e com ampla possibilidade se tornar explosivo.

Trata-se de um inseto minúsculo do tamanho de uma pulga com 1,2 mm de comprimento
e, com um ciclo de 21 dias. Inicia-se o ataque nos frutos em estádio de
formação e dando continuidade, inclusive, no armazenamento. Aqui cabe uma
atenção especial ao café estocado.

Com esse ciclo curtíssimo poderemos ter até 7 a 8 geraçoes
numa única safra sem considerar as brocas remanescentes dos frutos da colheita
anterior. Somando as geraçoes multiplicadas nos frutos sobrados no solo e na
planta da colheita passada teremos o dobro, no mínimo, de multiplicaçoes
exponenciais porque há possibilidades de até 20 brocas por fruto.

Essa praga além de derrubar os frutos no solo provoca até
20% de queda no peso. As galerias provocadas internamente nos frutos são
verdadeiras portas para a entrada de fungos maléficos a bebida, como: fusarium,
aspergillus, entre outros.

Essa situação da elevação a níveis comprometedores decorreu
se ao fato de nossas lideranças e do próprio MAPA desconhecerem os riscos que
colocaram a cafeicultura brasileira. Lamentavelmente, tomaram uma medida
incabível e irresponsável proibindo o Endossulfan sem um substituto à altura.
Com essa medida impensada e descabida provocou um vácuo sanitário e a praga
explodiu nesses 4 últimos anos.

Agora, estão surgindo outros produtos para o controle da
broca, mas os cafeicultores acostumados com baixa incidência e ao uso do
Endossulfan terão que ser reeducados para aprenderem a conviver com essa
situação alarmante. Teremos que retomar urgentemente as práticas culturais na
tentativa de eliminar frutos no solo e nas plantas. Além disso, os
cafeicultores deverão estar cientes que não surgirão produtos milagrosos.

Conhecemos o comportamento dos cafeicultores que são
extremamente tradicionalista e hão de sentir o que é realmente a broca. Terão
que conscientizar das práticas culturais e acostumarem aos novos defensivos que
serão mais caros e terão que ser misturados com óleos minerais ou vegetais para
melhorar a eficácia dos produtos.

Estou convicto que teremos sérios problemas num futuro a
curto e a médio prazo com essa praga. A broca originou se de Uganda e chegou ao
Brasil na primeira/segunda década do século passado e em poucos anos expandiu
por todo parque cafeeiro. Na época lançou se até a criação laboratorial da
Vespa de Uganda para povoar nossos cafezais na tentativa do controle biológico.
A Vespa de Uganda não encontrou as mesmas condiçoes ambientais no Brasil e o projeto
naufragou.

Penso que teremos que fazer uma ampla campanha aos
cafeicultores sobre a real situação e mostrar a necessidade dos repasses pós
colheita. Somado a isso terão que aprender a trabalhar e pagar caro pelas novas
moléculas e precisam estar cientes que a broca tornou se um sério problema.

 Sugerimos ainda que seja destinado no mínimo 20% das verbas
do Funcafé para socorrer de imediato o ataque explosivo e subsidiando os
cafeicultores, para o repasse que custa muito caro e, financiar com juros
módicos por três a quatro anos seguidos os produtos fitossanitários com prazos
dilatados para o pagamento desses recursos a serem liberados. Ainda, deveremos
formular produtos à base de Beauveria bassiana, que é um fungo natural, para
aplicaçoes nas áreas com altas infestaçoes.

( Fonte: Revista Cafeicultura)