
ALERTA PARA OS PROBLEMAS DE FERRUGEM NO CAFEZAL
Pesquisadoras do Instituto Agronômico (IAC) e do Instituto
Biológico (IB) alertam sobre a antecipação dos danos causados pela ferrugem do
cafeeiro na safra de 2018/2019. A doença está distribuída em todas as regiões
cafeicultoras, podendo reduzir a produção em até 35%.
A ferrugem forma lesões amareladas na face inferior das
folhas, levando-as à queda e debilitando a planta, que não consegue formar os
botões florais da safra seguinte, resultando em uma redução da produção.
Segundo as pesquisadoras Angelica Prela Pantano, do IAC, e
Flávia Rodrigues Alves Patrício, do IB, pela ferrugem muito dependente do
clima, a epidemia pode variar em cada região em que o cafeeiro é cultivado no
Brasil. “Este ano a doença está muito agressiva em função do clima que tem
altas temperaturas e chuvas desuniformes, foi muita chuva em novembro e pouca
em dezembro, quando esquentou muito”, comenta Angelica sobre as condiçoes
que favorecem a disseminação da ferrugem causada pelo fungo Hemileia vastatrix.
Este ano, os volumes de janeiro foram inferiores aos
esperados. Em alguns locais como Franca, Mococa e Caconde, o volume esperado
era de 281 mm, 275 mm e 247 mm e foram registrados cerca de 65,5 mm, 105,2 mm e
45,3 mm, respectivamente. No ano anterior, nesse mesmo mês, a precipitação
pluviométrica registrada foi de 193 mm em Franca e de 250 mm em Mococa e
Caconde. “Em Campinas, o volume registrado de 225 mm foi pouco abaixo do
esperado, que era em torno de 240 mm, porém, em todos os locais citados, as
temperaturas médias mínimas foram acima da média histórica, o que favorece a
doença”, diz Angelica.
A maioria dos cafeicultores brasileiros realiza,
rotineiramente, tratamentos com fungicidas para o manejo da ferrugem do
cafeeiro em lavouras instaladas com cultivares suscetíveis. As pesquisadoras
acreditam que o calor que ocorreu em janeiro deste ano em todas as regiões
cafeicultoras deve ter contribuído para inibir o progresso da doença no
período.
“No entanto, o fato de haver inóculo em plantas sem
tratamento, ou com tratamento deficiente, indica que os produtores devem estar
atentos para o ressurgimento da doença assim que as condiçoes climáticas se
tornarem mais favoráveis”, afirma Flávia.
A orientação é para não reduzir os números de aplicaçoes e
sim diminuir o intervalo entre elas, caso as condiçoes climáticas mudem. Por
ser composta por um pó, a ferrugem tem fácil disseminação por vento e umidade.
“A folha doente cai no chão e o fungo permanece vivo. Ao nascer uma nova
folha ela já é contaminada”, explica a pesquisadora do IAC.
A ferrugem ataca somente as folhas, não incide sobre os
frutos, mas ao causar a desfolha, compromete a safra do ano seguinte. Isso
porque a planta gasta sua energia para fazer o novo enfolhamento, recurso este
que deveria ser usado para a produção de fruto. “Assim, não terá fruto,
por isso o prejuízo acontece na próxima safra”, resume Angelica.
(Fonte: Café Point com informaçoes do IAC)