A RETIRADA DE CIPÓ DOS CAFEZAIS

Problemas com aumento de ervas trepadeiras em lavouras de
café fizeram surgir uma nova prática de manejo de cafezais: a retirada dessas
plantas de cima dos cafeeiros, conhecida como retirada de cipós.

As ervas daninhas que infestam os cafezais são classificadas
de acordo com seu hábito de desenvolvimento, podendo ser rasteiras, eretas ou
trepadeiras.

As trepadeiras, como o nome indica, tem hábito de subir em
suportes próximos onde encontram sustentação. No caso do cafezal, nascem e
crescem no solo e logo sobem nos pés de café, sendo duplamente prejudiciais.
Concorrem com o cafeeiro em água e nutrientes retirados do solo pelo seu
sistema radicular, além de concorrerem em luz, pela cobertura que fazem sobre a
copa das plantas de café.

A principal erva trepadeira que ocorre em cafezais é a corda
de viola (Ipomea sp.) verificando-se numa mesma área diferentes espécies. Umas
com folhas maiores, outras menores, umas com flores pequenas ou grandes e de
variadas cores, brancas, roxas, azuis e vermelhas, todas com hábitos
semelhantes. Outras trepadeiras podem ocorrer em menor escala, como o cipó de
São João, soja perene e outras.

No caso da corda de viola, sua expansão observada nos
cafezais se dá pelo grande número de sementes produzidas e pela sua
distribuição pelo maquinário, transitando nos tratos e colheita das lavouras. A
dificuldade de controle ocorre devido ao fato de que muitas plantas nascem sob
a saia ou entre os cafeeiros, na linha onde os herbicidas ou as roçadeiras usadas
para controle do mato não tem atuação.

A estratégia de controle da corda de viola consiste em
iniciar a aplicação dos herbicidas mais cedo, pegando a maioria delas jovens,
ainda no chão. As que escapam, só através de trabalhos manuais, com a retirada
por arranco dos pés com enxadas lá onde nasceram junto aos cafeeiros. Essa
prática, conhecida como retirada de cipós, na realidade não os retira, apenas
arranca-os do chão, fazendo com que murchem e sequem sobre os cafeeiros. Se
retirados, além do maior trabalho necessário, poderiam causar danos mecânicos à
folhagem, derrubando algumas folhas e frutos dos cafeeiros, na época de
frutificação.

Normalmente, são necessárias duas passadas dos trabalhadores
para retirada de cipós num ciclo, pois muitas ervas escapam da retirada inicial
ou crescem novas depois da primeira passada. O uso de mão-de-obra varia em cada
talhão, obviamente dependente do nível de infestação. Pode-se prever o emprego
de até dois homens no dia por ha de cafezal na execução dessa prática,
entrando, é um novo componente de despesas, do custo de produção do café.

(Fonte: CaféPoint)