9º FÓRUM CONSULTIVO DEBATE SOLUÇÕES PARA CADEIA CAFEEIRA

Durante a 125ª Sessão do Conselho Internacional e demais
reuniões da Organização Internacional do Café (OIC), realizadas esta semana em
Londres, o 9º Fórum Consultivo sobre Financiamento do Setor Cafeeiro apoiou a
implantação da Resolução 465, reunindo especialistas para discutir, validar e
apontar formas de adoção, pelos cafeicultores, das ferramentas de gerenciamento
de risco de preços.

No evento, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC),
Silas Brasileiro, defendeu a importância do cooperativismo como difusor de
ferramentas de gestão de risco de mercado no setor cafeeiro. “As cooperativas
de café do Brasil são agentes de inclusão e melhoria do acesso dos pequenos
cafeicultores aos serviços de mercado, como hedge e barter, garantindo mais
resiliência à volatilidade dos preços”, destacou.

O Fórum contou com dois painéis que buscaram inovaçoes para
que os produtores possam se adaptar às mudanças de mercado, combatendo a
volatilidade e compartilhando os riscos entre todos os agentes da cadeia.

O primeiro tinha como tema “Inovaçoes na gestão de riscos de
preços nas propriedades rurais e cooperativas”. Nele, o economista da Divisão
para África Central e Oriental do Fundo Internacional de Desenvolvimento
Agrícola (FIDA), Florent Baarsch, apresentou a iniciativa CACHET, uma solução
financeira desenhada para proteger a renda dos pequenos produtores contra
perdas decorrentes do clima e da volatilidade dos preços, usando opçoes.

A fundadora e consultora principal da SHIFT Soluçoes de
Impacto Social, Sara Mason, mostrou uma solução de gestão de risco de preços
baseada no conceito de renda mínima. Em síntese, o setor apoia os cafeicultores
a alcançarem sua renda mínima via produção cafeeira, por meio da diversificação
de atividade ou através de uma transição justa para outro meio de vida ou
atividade econômica viável.

Roel Messie, diretor de Investimentos da IDH Iniciativa de
Comércio Sustentável, apresentou o fundo Farmfit, que fornece ferramentas para
analisar a viabilidade e a eficácia do suporte financeiro de empresas e bancos
aos pequenos agricultores. Esse instrumento auxilia a identificar áreas que
necessitam de aprimoramento e os financiamentos mais adequados para ampliar a
escala das inovaçoes.

O coordenador da Oikocredit, Hugo Villela, encerrou o painel
apresentando um estudo da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Internacional (USAID, em inglês) que identifica quatro soluçoes mais
interessantes para a gestão de riscos dos preços do café, as quais são
embasadas em:

i) comércio digital com plataformas que conectam
cafeicultores e consumidores, porém limitadas a produtores de cafés de alta
qualidade;

ii) agregação de produtores, por exemplo, em cooperativas,
que tem o objetivo de negociar volumes maiores, viabilizar armazenagem e
reduzir custos de transação;

iii) fundos de estabilização de preços, que subsidiariam os
produtores em períodos de queda das cotaçoes, mas causariam distorçoes no
mercado;

iv) realocação de riscos ao longo da cadeia produtiva,
através de contratos de fornecimento de longo prazo. Essa sugestão depende de
hedge com derivativos e ambiente de confiança entre os atores.

O segundo painel teve como tema “Compartilhando riscos com
outros agentes econômicos ao longo da cadeia de valor do café”. João Moraes,
gerente global de café da Yara Fertilizantes, demonstrou a experiência da
empresa no Brasil com o barter. Ele também destacou o papel fundamental das
cooperativas para viabilizar essa ferramenta de gestão de riscos de mercado aos
pequenos cafeicultores.

O diretor de Sustentabilidade do Mercon Group, Giacomo Celi,
comentou sobre os componentes do compartilhamento dos riscos de mercado,
citando acesso a crédito, relaçoes comerciais de longo prazo, assistência
técnica e extensão rural para aumento de produtividade e qualidade, suporte
comercial e parcerias com fornecedores de insumos e indústrias.

Hans Bogaard, gerente de Finanças de Agricultores e África
do The Netherlands Development Finance Company (FMO), explicou que a
instituição trabalha em parceria com companhias locais que são clientes e ONGs
na África e na América Central para financiar os produtores de café, cacau,
grãos, chá, etc.

Para ele, se os torrefadores querem assegurar a diversidade
de origem, precisam investir na capacidade de agregação de valor dos
produtores, por exemplo, financiando capacidades de beneficiamento via
cooperativas e falou que a instituição trabalha com esse tipo de parceria. Hans
disse ainda que traders e torrefadoras, em contrapartida, conseguem construir
uma relação de longo prazo com os produtores.

As apresentaçoes desse painel foram encerradas pelo
professor Associado da London School of Economics (LSE), Rocco Macchiavello,
que apresentou sua pesquisa sobre relaçoes contratuais entre compradores e
vendedores, destacando a importância da existência de um ambiente institucional
viável a negócios nos países para reduzir o risco de não cumprimento dos
contratos.

(Fonte: Café Point)