CLIMA DÁ SUPORTE E FUNDOS PULAM NAS COMPRAS

Rodrigo Costa*

A primeira metade de 2019 acumula ganhos de dois dígitos
percentuais para as principais bolsas acionárias do planeta, com destaque para
alta de 20.34% do Nasdaq – mais de três pontos percentuais acima da maioria dos
outros índices dos Estados Unidos e Europeus.

O índice de commodities CRB encerrou o semestre com 6.6% de
ganho, com a gasolina e o petróleo liderando a alta de 46.79% e 30.35%,
respectivamente, enquanto o gás natural e o suco de laranja cederam 20%, as
piores performances entre as seis matérias-primas que caíram (das dezenove que
compõem a cesta).

O tom de espera para a reunião de Donald Trump e Xi Jinping
deixou os investidores cautelosos durante a semana, entretanto, a trégua
acordada no sábado para a guerra-comercial deve dar fôlego aos ativos de risco.

Neste cenário, o dólar americano, que se manteve levemente
acima das mínimas da semana anterior, pode voltar a firmar, já que dá ao FED
mais tempo para cortar os juros e ao mesmo tempo limitar uma apreciação do Real
– ainda que seja confirmada a aprovação da reforma da previdência antes do
recesso parlamentar brasileiro.

O café em Nova Iorque rompeu resistências importantes nos
últimos cinco dias, atraindo mais recompras de fundos, fazendo uma nova máxima
no ano (considerando o contrato para a segunda posição contínuo) e encerrando
tecnicamente de forma muito positiva.

Londres ficou um pouco para trás, ainda que também tenha
apreciado, e a arbitragem entre as duas variedades de café alargou para US$ 44
centavos por libra-peso.

A puxada no preço no começo da semana foi justificada
inicialmente por prognóstico de frio no Brasil para o segundo fim de semana de
julho, precisamente o dia 6. Entretanto, dois dos principais serviços de
monitoramento climático foram mais assertivos nos seus últimos relatórios
dizendo que não há risco de geada para as regiões produtoras brasileiras.

As origens acompanhando a firmeza do terminal e os rumores
do frio aproveitaram para vender cafés a níveis mais altos e em alguns casos
recuaram suas ofertas aguardando patamares mais elevados.

A alta é bem-vinda para o período de colheita, que segundo a
agência Safras & Mercados, atingiu 54% da produção, sendo 71% para o
conilon e 47% para o arábica.

O fluxo de negócios melhorando levemente a reposição também
refletiu uma movimentação para o mercado internacional, muito embora não se viu
volumes tão grandes sendo negociados.

América Central e os produtores de suaves com cafés
disponíveis mostraram mais interesse em negociar seus lotes, também em
quantidades moderadas.

O movimento do contrato “C” está acontecendo com volumes
diários relativamente pequenos comparados com a oscilação dos preços, tornando
perigoso o mercado – para qualquer dos dois lados.

Imagina-se que os comerciais tenham sido mais precavidos em
pular na frente de um gráfico tecnicamente positivo e que já machucou aqueles
que se anteciparam a vender algumas altas recentes, e entre os compradores
naturais (como os torradores, por exemplo) os níveis de cobertura são
suficientes para aguardarem uma confirmação ou não da mudança de tendência.

A alta volatilidade e a dúvida sobre a sustentação das
cotaçoes devem ser aproveitadas pelos produtores para venderem parte de seus
cafés, tanto disponível como safras futuras, ainda mais se acreditarem que a
moeda brasileira possa apreciar.

Pontos no gráfico para ficarmos de olho são 110.50 e 112.50,
objetivos de alta, e é importante o contrato de setembro se manter acima de
108.60 para não buscar a média-móvel de 200 dias a US$ 103.80 centavos por
libra..

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre
café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

(Fonte: Café Point)