
FEIRAS AGROPECUÁRIAS PASSAM POR TRANSFORMAÇÃO E SE TORNAM DIGITAIS COM PANDEMIA
Eventos estão programados ainda para este ano no Sul de
Minas e organizadores garantem que este modelo de negócio veio para ficar
Por Jonatam Marinho – G1 Sul de Minas
Como a pandemia causada pelo novo coronavírus exige cuidados
para evitar sua propagação, as feiras agropecuárias se tornaram locais de risco
pelo alto giro de pessoas e aglomeraçoes. Uma alternativa encontrada então foi
o uso da tecnologia: a realização de feiras online.
Um exemplo de evento que passa por essa transformação é a
Expocafé, que acontece em Três Pontas (MG) há 23 anos. De relevância nacional
para o setor cafeeiro, a feira ocorreu de forma totalmente online de 14 a 16 de
julho de 2020.
“A Expocafé é considerada o maior evento nacional de
transferência de tecnologias para a cafeicultura e também um espaço para a
troca de experiências e apresentação de novidades em máquinas e equipamentos”,
afirmou Antônio Nunes, coordenador de Negócios da Expocafé.
Todo o conteúdo do evento permanece disponível na internet.
Apenas a emissão de certificados acaba em 14 de agosto. “Em 2020, em função da
pandemia, a feira foi realizada virtualmente, no mês de julho, e ficará online.
A proposta era manter a realização do evento, mesmo que no formato virtual,
para que não ficasse um hiato entre os anos de 2019 e 2021”, justificou.
A Expocafé digital contou com a adesão de 40 expositores. Em
três dias, a plataforma virtual contabilizou cerca de 12 mil acessos. Esses
internautas não eram apenas do Brasil, mas de outros países como Estados
Unidos, Canadá, Índia e da América Central, do Sul, Europa e África.
“Os painéis temáticos de discussão ao vivo tiveram uma média
de 500 acessos por dia. Os internautas também puderam acessar, por meio de
vídeos, 14 dinâmicas de campo e 13 vídeos de dicas de pesquisadores e
lançamentos de publicaçoes da EPAMIG”, disse Nunes.
Outros eventos online
Ainda em agosto, será realizada a 16ª edição da Feira de
Negócios Coopama (FENEC) também em formato digital. O evento começa dia 17 de
agosto e irá durar cinco dias. “Estamos vivendo um momento delicado, porém não
podemos deixar que a pandemia nos impeça de estar sempre ao lado do produtor. O
agronegócio tem se destacado na economia brasileira e temos importante papel
nesse cenário. A pandemia nos levou a um caminho sem volta, o meio digital”,
falou a coordenadora de Marketing da Cooperativa Agrária de Machado (Coopama),
Aline Borges.
A coordenadora explicou como o cooperado pode realizar negociaçoes.
“Ele entra no site, faz seu credenciamento e navega nos estandes da cooperativa
e de fornecedores. Em caso de interesse de compra, ele clica no ícone de
mensagem instantânea e inicia o contato com nossa equipe comercial. Se ele
preferir pode falar com nossa equipe por chat”, detalhou.
Ainda segundo os organizadores, são aguardados para a 16ª
edição da feira 70 expositores de máquinas, implementos, defensivos,
fertilizantes e veículos. Todo material permanecerá disponível no canal da
cooperativa na internet.
Atendimento pelas redes sociais
A “Rodada de Negócios” da Cooperativa dos Cafeicultores de
Campos Gerais e Campo do Meio (Coopercam) é focada na negociação de insumos
agrícolas no pós-colheita de café e também sofreu mudanças com a pandemia. “A
rodada sempre foi aberta ao público. Por causa da pandemia, o acesso em 2020
será restrito somente aos cooperados”, explicou o gerente comercial João Paulo
Alves de Castro. Toda a atividade da 13ª edição do evento foi direcionada para
canais alternativos.
“Os associados poderão fazer negócios por telefone, redes
sociais, site e em lojas físicas. Os engenheiros agrônomos também farão
atendimento personalizado, bastando que o cooperado faça o agendamento. Todas
as medidas de segurança serão adotadas para o atendimento presencial como
máscaras, álcool em gel, distância social e limpeza reforçada”, completou João
Paulo.
Outras cooperativas da região também reposicionaram seus
eventos. É o caso da Cooperativa Agropecuária do Vale do Sapucaí (Coopervass)
que também prepara uma feira totalmente online para o final de agosto. Já a
Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança (Capebe) ainda está definindo como
será sua feira em setembro.
Uma nova cara de negócio
Nem totalmente presencial e nem totalmente à distância. Os
números da Expocafé 2020 mostram que as duas modalidades são complementares.
“Acreditamos que, de agora em diante, teremos sempre as duas acontecendo ao
mesmo tempo. Teremos eventos híbridos. Esse é um legado da adaptação pela qual
tivemos que passar em razão da pandemia”, afirmou o coordenador de Negócios da
Expocafé.
Antônio cita um ponto positivo dos conteúdos estarem
disponíveis online. “Se antes a programação técnica reunia média de 150 pessoas
num auditório, na versão online das palestras tivemos média diária de 500
pessoas acompanhando. É gente de diversas localidades do Brasil e do mundo”,
citou
Para o produtor rural Anivair Teles Rodrigues, que tem 26
hectares de café arábica plantados em Ibiraci (MG), ter um evento apenas online
não permite o contato com os cheiros e sabores dos produtos servidos para
degustação.
“Numa feira online não tem como uma pessoa degustar um café.
Sou produtor de café especial para cafeterias. O café tem sabor, tem aroma…
Imagine um queijo sem a gente provar. Uma foto pode ajudar, mas sentir o sabor
é diferente. A feira presencial tem essas vantagens”, comentou.