Por Rodrigo Corrêa da Costa*
O tom mais cauteloso do banco
central americano, confirmando a pausa ao incremento de juros, mas mudando de
estratégia da diminuição de seu balanço-patrimonial devolveu aos investidores o
apetite ao risco, ajudando ações e commodities a fecharem o mês de janeiro como
o melhor início de ano desde 2015 e 2003, respectivamente.
O mercado nomeia de FED-put
(estar comprado em opção de venda) o comportamento do FOMC em responder ao
nervosismo das oscilações negativas das bolsas, ou seja, a grosso modo: vamos
comprar ações, pois quando houver perdas fortes, como em dezembro, a autoridade
monetária freia o aperto programado. A entidade, entretanto, diz que os riscos
estão na desaceleração da China, da Europa e mesmo dos Estados Unidos.
O índice do dólar despencou após
o fim da reunião do comitê econômico americano, beneficiando inclusive as
moedas emergentes, como o Real. O café em Nova Iorque respondeu rapidamente
subindo na quinta-feira fortemente, para devolver metade dos ganhos no dia
seguinte.
O vai e vem do arábica da ICE
pega de surpresa os especuladores de curto-prazo, ainda que esteja se mantendo
dentro do intervalo entre 98.55 e 106.95, entretanto traz oportunidades de
fixações paulatinas das origens que precisam vender café.
Para os produtores brasileiros em
nada adianta o contrato “C” apreciar junto com a moeda brasileira, pois não
muda os preços praticados internamente, mas como mencionei recentemente, este é
o principal fator para eventualmente alterar as cotações internacionais dentro
do quadro atual – salvo o clima, claro.
As chuvas abaixo da média
histórica no cinturão produtor do Brasil têm deixado os operadores preocupados,
levantando dúvidas sobre o quanto de fato possa ser perdido em um ano de ciclo
mais baixo de produção.
Os prognósticos de institutos de
meteorologia apontam para uma normalização das precipitações agora em
fevereiro, mas como previsões estendidas são menos precisas, muitos aguardam
para se posicionarem com mais segurança – para um lado, ou para o outro.
Os diferenciais para praticamente
todas as origens se mantem firme, sinal positivo, mas insuficiente para
empurrar a bolsa para cima.
Compradores de café ainda não
digeriram pagar diferenciais mais apertados (nos casos dos naturais), ainda
mais quando aparecem negócios para duas safras em níveis mais palatáveis –
mesmo que não seja em volumes suntuosos.
Para quem precisa torrar café
logo, foram reportados alguns negócios em praças que tem grãos disponíveis com
preços mais descontados – muito em função da idade ou qualidade dos cafés.
As comemorações do ano-novo lunar
tiram o Vietnã do mercado pelo menos por uns dez dias, um estimulo para uma
tentativa do terminal em Londres tentar romper os US$ 1,600 por tonelada, e
talvez dar carona ao arábica.
A equipe do CFTC voltou ao
trabalho após a paralisação parcial do governo americano, divulgando
sexta-feira o posicionamento dos traders, só que referente ao dia 24 de
dezembro. O órgão diz que divulgará os relatórios faltantes duas vezes por
semana, terças-feiras e sextas-feiras, até ficar up-to-date. Desta forma só no
dia 8 de março teremos dados atuais, no caso referentes ao dia 5 do mesmo mês.
O monitoramento das chuvas e as
oscilações do Real continuam sendo os dois fatores para observarmos e que
eventualmente causarão uma modificação no intervalo dos preços.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve
este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
As informações são da Archer
Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda