A irrigação em cafezais tem sido demonstrada como fator
importante de aumento de produtividade nas lavouras, em função de problemas
climáticos com períodos de stress hídrico ocorridos em diversas regiões, mesmo
naquelas consideradas climaticamente aptas à cafeicultura. Por isso, o uso da
prática tem sido ampliado apresentando bom beneficio/custo.
Considerando as características do cafeeiro, de maior necessidade de água nas
etapas da floração ao enchimento de grãos, e as condições de chuva normais, a
irrigação suplementar tem sido a mais compatível, com menores investimentos.
A irrigação por aspersão em malha, simples e com montagem na
própria propriedade, tem se mostrado adequada a pequenos projetos. No entanto,
o processo normal de malha utiliza aspersores pequenos, de baixa vazão (0,3
-1,0 m3/h) e distanciados de 15-18 x 15-18m, o que resulta em excessivo número
por hectare (>30). A presente nota técnica mostra o desenvolvimento de um
módulo de irrigação em malha larga, implantado em propriedade no Sul de Minas,
visando reduzir o número de aspersores e metragem da tubulação por área, além
de incluir dispositivo para adaptar, inicialmente na fase de formação da
lavoura, a irrigação em área total para irrigação localizada.
Conforme os cálculos de necessidade de água, o módulo de
malha larga foi dimensionado com uma adutora central subindo com tubos de 75 mm
e ramais perpendiculares com tubos de 50 mm, coincidindo com linhas de
cafeeiros a cada 9 ruas (33m), sendo os cafeeiros plantados a 3,70 x 0,75m.
Nestes tubos azuis de 50 mm foram acoplados tubos de subida de 1 ½ polegadas,
com registro de esfera e terminando com nipe de cola/rosca para adaptação de
aspersor. A malha usada ficou com cerca de 33 x 30m. Todos os tubos foram de
PVC PN80.
Para a abertura necessária do diâmetro molhado, de forma a cobrir bem a área,
foi selecionado aspersor metálico do modelo Asperjato 600 S, com bicos de 9,5
x7,0mm, pressão de trabalho em torno de 40 mca e vazão ao redor de 8,5 m3/h. A
adaptação da malha aspersora para molhação foi feita com colocação de uma curva
e junção para mangueira, saindo do próprio local de saída do aspersor. Daí, por
mangueira de 1 polegada com cerca de 50m, a água é conduzida e em sua terminal
se coloca um tubo de cerca de 12m, de bitola 3/4, furado com furos de 1mm a
cada 30 cm para a água vazar em pequenos esguichos junto à linha dos cafeeiros,
ainda jovens, economizando tempo e água.
Com plantio de culturas intercalares, como feijão, e na
medida em que a lavoura de café for fechando, trabalha-se somente com a
aspersão. No sistema desenvolvido verificou-se que a malha larga com o tipo de
arpersor escolhido cobre bem a área, com ligeiro recobrimento nas pontas em
condição de vento normal, pois as gotas maiores sofrem menos deriva. O número
de pontos de aspersor por área ficou reduzido para cerca de 10 por hectares. A
metragem de tubos da rede de distribuição (50 mm) por área foi reduzida para
apenas cerca de 260m por ha. Verificou-se ainda a viabilidade de transformar a
irrigação em localizadas na condição inicial junto às linhas de lavoura nova.
(Fonte: Café Point)