As chuvas que caíram em praticamente todas as regiões
produtoras de café entre o final de setembro e começo de outubro facilitaram a
abertura de floradas pelo Brasil afora. Porém, de acordo com Eduardo
Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, em Santos (SP), uma grande quantidade de
flores na lavoura indica que ela possui menos folhas, o que será prejudicial
para a produção final.
Segundo o especialista, as chuvas estão irregulares e não
vem sendo suficientes para recuperar os cafezais, que sofreram três anos seguidos
com a falta de água e perderam folhas durante a seca. Para ele, é
inquestionável o quanto as floradas são lindas, no entanto, árvores brancas, em
excesso, indicam que os produtores terão algum problema mais pra frente.
"A experiência mostra que cafezais muito enfolhados
estão bonitos por fora, mas com falta de folhas no interior. Quanto menos
folhas, mais desprotegidas ficam as flores, que não se desenvolvem e
caem", explica Carvalhaes, acrescentando: "o tamanho do problema
depende de quanto chumbinho vai virar fruto, e depois, com as chuvas em
janeiro, ver quanto esses frutos vão crescer".
Conforme o entrevistado, a queda das
folhas durante a seca variou de região para região, sendo menor em propriedades
irrigadas, que existem em volume inferior no Brasil, e a perca da folhagem foi
considerada "normal" pelos agrônomos.
No entanto, para as fazendas que
tiveram queda entre 20% e 30% das folhas, a orientação é que os os produtores
adubem as lavouras, utilizando os defensivos na hora certa, para evitar perda
de folhas além do comum e ajudar no controle de pragas: "já em locais que
perderam mais de 50% das folhas, a instrução é que seja feita a recepa dos
cafeeiros para ajudar na safra dos próximos anos", diz Carvalhaes.
Ao contrário do que foi noticiado no começo deste ano por alguns especialistas, a possibilidade de uma safra recorde em 2018 está afastada, segundo os agrônomos. A safra de bienalidade positiva virá, mas com todos os cuidados de adubação e defensivos, além chuvas na hora certa e temperatura média favorável.
"Temos que comemorar as floradas, apesar delas não serem novidade e influenciarem no mercado de venda do café. Agora, temos que torcer para que as chuvas sejam muito boas para fazer com que o país exporte mais no ano que vem", finaliza Carvalhaes.