A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
divulgou, na terça-feira, 22 de setembro, seu novo levantamento para a safra
2020 de café no Brasil, que foi estimada em 61,6 milhões de sacas de 60 kg.
O volume apurado pela estatal reforça o
posicionamento que o Conselho Nacional do Café (CNC) adotou ao longo de todo
esse ciclo cafeeiro, de que não haveria uma supersafra no Brasil e que o total
produzido seria suficiente para honrar os compromissos com as exportações, que
devem ficar ao redor das 40 milhões de sacas, e com um consumo interno na casa
de 21 milhões de sacas.
De acordo com o presidente do CNC, Silas Brasileiro,
notícias de que o Brasil colheu uma supersafra de café e que não tem onde
armazená-la constituem uma verdadeira especulação mercadológica.
"Sempre observamos esta movimentação que visa,
principalmente, a depreciar o produto nas negociações. Mas esses atores
esquecem que tirar competitividade e, consequentemente, a renda dos produtores
gerará um impacto em médio e longo prazo no equilíbrio, hoje existente, entre
oferta e demanda", analisa.
BRASIL TEM CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO
A safra brasileira de café deste ano foi positiva no
que diz respeito a volume - é a segunda maior colheita da história – e, em
especial, qualidade. As questões climáticas na época da colheita, com quatro
meses praticamente sem incidência de chuvas, favoreceram o andamento dos
trabalhos.
Além disso, diante do cenário de pandemia da
Covid-19, o CNC, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), lançou a cartilha “Orientações
sobre prevenção ao coronavírus durante a colheita do café”, que contribuiu para
o bom desenvolvimento da cata.
“A combinação de clima seco com as instruções que
transmitimos permitiram um andamento célere da colheita, culminando em maior
entrada de café nos armazéns de nossas cooperativas em um período mais
estreito. Isso não foi problema, pois as coops cafeeiras que compõem o CNC vêm
se estruturando e aumentando suas capacidades”, explica Brasileiro.
COMERCIALIZAÇÃO
Outro ponto levantado por ele, que justifica o maior
volume de café estocado nas cooperativas, reflete o profissionalismo e a
capacitação dos produtores na negociação. “A maior parte desse café nos
armazéns não implica excesso de oferta, uma vez que, dependendo da cooperativa
e de sua localidade, entre 60% e 70% desse produto estocado já se encontra
comercializado, percentual acima de uma média, para esse período, que se situa
pouco acima de 40%”, revela.
O presidente do CNC destaca que os produtores estão
cada vez mais capacitados e contam com a expertise dos departamentos técnicos
das cooperativas para realizarem bons negócios, travando suas vendas de maneira
antecipada. “O resultado é que os cafeicultores cooperados entregam, hoje, seu
café acima de R$ 600 por saca, preço superior ao negociado no mercado físico
atualmente", compara.
As diversas formas de comercialização que as
cooperativas do CNC oferecem, como barter, que envolve a troca do café por
insumos e maquinários, por exemplo, também contribuem para o cenário de bons
volumes estocados. “Por isso grande parte dos cafés armazenados já está
vendida, com nossas cooperativas os preparando para entregá-los aos compradores”,
explica.
Brasileiro anota, ainda, que a demanda pelo produto
brasileiro permaneceu aquecida, mesmo com o cenário da pandemia da Covid-19. “O
Brasil cumpriu seu papel de produzir com qualidade em quantidade para suprir a
demanda dos nossos clientes internos e internacionais. Dizer que há uma
supersafra e que existe café sobrando, sem espaço para armazenamento, não
condiz com a realidade do país, que possui a cafeicultura mais estruturada e
profissional do mundo”, conclui.
ATUALIZAÇÃO DO FUNCAFÉ
Até hoje (25), 30 instituições financeiras assinaram
contratos para o recebimento de recursos do Fundo de Defesa da Economia
Cafeeira (Funcafé), totalizando R$ 5,108 bilhões, valor que corresponde a
89,45% do total de R$ 5,710 bilhões disponíveis. Ainda restam dois agentes –
Santander Brasil (tomou parcialmente os recursos) e Citibank – que se
credenciaram a rubricar os contratos, envolvendo um montante de R$ 602,5
milhões.
Já a liberação dos recursos aos agentes até o momento se encontra em R$ 2,061 bilhões, com data de referência de 4 de setembro. Do volume repassado, R$ 861,4 milhões foram destinados à Comercialização, o que corresponde a 37,5% do disponibilizado para esta linha; R$ 566,4 milhões para Custeio (35,4%); R$ 362,1 milhões ao Financiamento para Aquisição de Café - FAC (31,5%); e R$ 270,6 milhões para Capital de Giro (41,6%).
(Fonte: CNC)