A qualidade do café brasileiro faz com que o país seja o
maior produtor e exportador do grão. Graças a um pacote tecnológico
desenvolvido por instituições de pesquisa do país e a implementação de novas
variedades e espaçamentos no manejo nutricional e fitossanitário das plantas,
as lavouras cafeeiras têm se tornado mais produtivas.
Segundo o diretor do Centro de Café do Instituto Agronômico de Campinas (IAC),
Gerson Giomo, além do aumento na produção, os cafeicultores estão de olho na
melhoria da qualidade da bebida, que é uma demanda crescente do mercado
internacional. Mas, ainda há uma necessidade dos agricultores melhorarem o
manejo de colheita e pós-colheita para que seja possível agregar valor ao
produto.
"Em muitas regiões produtoras a colheita ocorre fora do
momento ideal de maturação dos grãos, sendo retirado muito café verde, que
impacta negativamente na qualidade da bebida e na exportação", disse Giomo
em entrevista para o Jornal da USP.
Fora a atenção no período de colheita, o diretor também alerta sobre os
procedimentos de secagem, onde normalmente acontecem muitos erros. Para ele, um
conjunto de fatores interferem na qualidade do café, desde a plantação até o
momento de processamento. "A secagem deve ser feita com muito rigor, com
todo procedimento tecnológico. Na hora de manejar o café no terreiro, por
exemplo, existe toda uma recomendação técnica", disse.
Existe "café
bom" no Brasil?
De acordo com o especialista, é verdade que os melhores
cafés produzidos no país são exportados para locais como os Estados Unidos e
Alemanha. No entanto, Giomo garante que no Brasil também ficam cafés
considerados especiais, porém, os grãos que permanecem acabam se tornando uma
matéria-prima com alto poder aquisitivo para o consumidor.
"Cada tipo de café e qualidade tem um preço
diferenciado e, muitas vezes, a grande massa da população não tem dinheiro para
comprar. É a relação custo versus benefício", explica, dizendo, ainda, que
nem todos os consumidores de café estão familiarizados com a questão da
qualidade."O público que busca uma bebida especial é um público mais
selecionado".
O mercado de cápsulas, um dos que mais crescem em valor
econômico e participação do produto, tem estimulado as pessoas a conhecer o café
de boa qualidade, pois é um tipo de consumo onde se agrega muito valor:1 kg de
café em cápsula chega a custar R$400,00.
"Em função da demanda, empresas brasileiras passaram a
fazer o encapsulamento dos cafés brasileiros. Os consumidores pagam por volta de
R$3,00 a unidade da cápsula e podem experimentar vários sabores",
finaliza.
(Fonte: Café Point)